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Novas estratégias de análise de dados impulsionam o desempenho dos grandes clubes

Novas estratégias de análise de dados impulsionam o desempenho dos grandes clubes
Foto: Cecilia Heinen/CC BY 2.0

O surgimento de novas técnicas e tecnologias tem uma forte tendência a provocar mudanças substanciais em todos os campos que atinge. No futebol não é diferente e desde que surgiu a possibilidade de analisar grandes quantidades de dados para tomar decisões melhores o esporte nunca mais foi o mesmo.
Essas novas tecnologias substituem achismos e sistemas imprecisos e utilizam todo tipo de estatística individual e coletiva, como dados físicos e médicos dos atletas, para direcionar de maneira inteligente os treinamentos e alcançar resultados objetivos dentro do campo.
Revolução começou em outros esportes
Billy Beane era diretor esportivo do time de beisebol Oakland Athletics. A equipe simplesmente não possuía capacidade financeira para competir com outros times na contratação de talentos e precisava descobrir uma maneira de se manter competitivo.
A solução encontrada foi analisar as estatísticas de dados objetivos de produtividade produzidos pelos jogadores da liga para tentar encontrar aqueles atletas que haviam sido subvalorizados pelos parâmetros tradicionais dos olheiros e contratá-los por um preço abaixo do mercado.
Essa técnica foi chamada de moneyball e fez tanto sucesso que o time se tornou o primeiro da história a vencer 20 jogos consecutivos. A história deu origem a um dos melhores filmes esportivos já feitos e seu uso rapidamente se espalhou para outros esportes.
O poker foi outro pioneiro na implementação desse tipo de análise e há aproximadamente uma década equipes de especialistas estudam partidas de Texas Hold’em para coletar o maior número de dados possível para ajudar os competidores a tomarem decisões melhores.
Ainda que o esporte seja disputado de maneira individual, atualmente os esportistas contam com diversas ferramentas, como calculadoras de probabilidade e feedback em tempo real de técnicos e conselheiros, que fornecem uma vantagem crucial durante sessões de treinamento e partidas e são responsáveis por formar campeões desde o famoso November Nine de 2008 da World Series of Poker (WSOP).
A revolução dos dados chega ao futebol
Nos últimos anos essa revolução de dados finalmente começou a chegar ao futebol. “Muito se fala do árbitro de vídeo e do chip na bola, mas o Big Data está se tornando cada vez mais relevante no futebol. Já é comum técnicos usarem dados para analisar as características de cada jogador da sua equipe e dos adversários para traçar estratégias de jogo”, afirmou em uma entrevista André Miceli, coordenador do curso de MBA em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro.
De acordo com o professor, essa ferramenta torna as equipes de análise de dados essencial. “As estatísticas colhidas durante a partida sobem para a nuvem e abastecem a ferramenta. Assim, o treinador e sua equipe podem usufruir de dados como algoritmos preditivos, redes neurais, programas que registram padrões para fazer projeções futuras”.
No futebol internacional, a seleção alemã do técnico Joachim Löw foi a pioneira no uso do moneyball e o professor afirma que o software foi instrumental na conquista da copa passada. “A seleção alemã usou o SAP Match Insights para vencer a Copa de 2014. Os dados permitiram melhorar a velocidade da equipe”, afirma Miceli.
A estratégia pode não ter funcionado na Copa de 2018, mas isso provavelmente se deve ao fato de que campeões sempre são os times mais visados e estudados pelos oponentes, o que aumenta muito a dificuldade e pode diminuir as vantagens proporcionadas pelo uso das análises.
Isso também explica porque, com exceção do Brasil em 2006, nas últimas cinco Copas o detentor do título caiu quatro vezes na primeira fase (França em 2002, Itália em 2010, Espanha em 2014 e agora Alemanha em 2018).

Steindy/CC BY-SA 3.0
 
O Brasil não vai ficar para trás
Os clubes brasileiros não perderam tempo e já começaram a investir no potencial dos dados. O Grêmio utiliza o mesmo sistema desenvolvido pelos alemães desde 2015. O time já venceu a Copa do Brasil em 2016 e o Campeonato Gaúcho em 2018 e atualmente se encontra bem qualificado no Brasileirão.
Esse sucesso também fez com que surgissem empresas e startups dedicadas ao ramo, como é o caso da OneSports. Criada em Sorocaba, atualmente a empresa conta com números impressionantes.
Sua principal plataforma de análise de dados é utiliza por clubes como Botafogo, Santos e Palmeiras. São mais de 2.000 atletas como usuários e 100 profissionais da ciência dos esportes responsáveis por analisar os dados produzidos por eles.
Ao contrário do futebol americano, ainda é proibido utilizar tablets dentro de campo. Apesar disso, um membro da comissão técnica pode ficar na arquibancada ou na área da diretoria e transmitir as informações em tempo real, o que permite ter acesso aos mesmos benefícios.

Junior Faria/CC BY-SA 2.0
 
O que esperar do futuro
A tendência para o futuro é que o uso de análise de dados cresça de maneira exponencial. A própria OneSports já se aliou a profissionais das ciências dos esportes de instituições como USP, Unicamp, Unesp, UFSCar, UFRJ e Unip e ofereceu seus serviços para obter um feedback qualificado. Além disso, uma parte dos cientistas também é responsável por desenvolver e testar os produtos oferecidos pela empresa.
A companhia também pretende investir na análise preditiva do desempenho esportivo para auxiliar os próprios atletas a melhorarem suas performances dentro de campo através de treinamentos específicos.
“Hoje muitas vezes isso é feito na mão, por profissionais altamente especializados com a leitura de planilhas. O tempo de trabalho para chegar em insights e recomendações é muito alto. Queremos automatizar parte disso para agilizar o processo. Essa automatização será feita nos clientes na medida em que seus bancos de dados forem aumentando e gerando histórico”, afirmou um dos fundadores da empresa.
Como já foi mencionado acima, o uso de dados não é garantia de sucesso e não é possível prever o resultado dos próximos jogos. A Alemanha perdeu a Copa de 2014 e o próprio Oakland Athletics, principal precursor do sistema, tem dificuldades de competir atualmente devido ao fato dela ter se espalhado para os outros times com orçamentos melhores, o que aumenta de maneira exponencial a dificuldade de competir e a competição de maneira geral.
Apesar disso, o uso de técnicas de moneyball e análises de grandes quantidades de dados objetivos provaram sua capacidade e vieram para ficar e o futuro deve contar com uma grande corrida para aprimorar esses recursos da melhor maneira possível.

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